quarta-feira, 6 de agosto de 2008

IR AO BANCO

Um dia normal, se não fosse um detalhe: ter que ir ao banco.
Só a frase ir ao banco, já é chata, imagina ir mesmo ao banco?
É um saco, saco sem fim, saco grande, pesado, cabeludo, saco com hérnia.
Hérnia que nem o personagem do Gabriel Garcia Marques no livro “O Outono do Patriarca” , o cara levava sua hérnia num carrinho de mão. Pois é, viagem né? Leia e verá.
Enfim, vamos ao banco.
Chego e não tenho a mínima idéia de onde vou. Aí procuro alguém que usa aquela blusa: “posso ajudar?” geralmente eles ajudam quem não precisa, porque toda vez que precisei de um desses infelizes não achei.
Olho pra porta giratória, deixo chaves, celular, arma, faca, tudo que tenho na bolsa naquela caixinha ao lado. Vou atravessar a porta com o coração acelerado, já com vergonha se caso ela travar e apitar, gritando: ladrãoooo!!!!!
Aí é aquela merda, todos olham, os que estão atrás ficam putos porque tem horário, e você ta ali impedindo a entrada deles. O guarda te olha com um olhar irônico, dá a impressão que eles ficam ali em pé o dia todo torcendo pra gente ser barrada na porta, deve ser o único divertimento deles.
E sempre entro com o nariz empinado, com ar superior, tipo querendo dizer: “to limpa! Sou rica e vim movimentar milhões neste banquinho tupiniquim de quinta.“
Quando atravesso a porta e ela não apita é um alívio, o coração desacelera, paro de tremer.
Bem uma vez dentro, beleza, aí outro dilema, voltando aos “posso ajudar?” não encontro nenhum, vou ao guarda, quero ir mudar o cartão de crédito, onde vou? Eles claro, não sabem de porra nenhuma, mas não vão assumir isso, então mandam você pra máquina de tirar senha e dizem pra você ir pro primeiro andar e esperar sua senha. OK, vamos lá.
Minha senha é 1.415 e ainda está na 315. Ótimo, não tenho nada pra fazer, vamos esperar né, sento bonitinha numas cadeiras ruins, e fico olhando ora pro painel de senhas que não se mexe, ora olho pra TV que fica no MUDO e passando filme da sessão da tarde, imagina, aqueles filminhos da sessão da tarde já são um saco dublados, imagine no mudo? Não estamos mais nos anos 80 onde a gente assistia, Os Gunnes, Lagoa Azul (que passa ainda, pelo menos uma vez por mês na sessão da tarde), Curtindo a vida Adoidado....
Hoje os filmes são com a Britney Spiers.
Bem, estamos aí, ou melhor, lá sentada, esperando, a senha chama, você torce pra pessoa ter desistido e passar logo a senha dela. Mas não, os brasileiros não desistem nunca, e a pessoa levanta correndo, quando está meio distraída saí segurando a bolsa na perna, celular na mão, papel, e saí correndo pra não perder o lugar. Como se o atendente esperasse 1 segundo só.
Três horas depois chega a senha 1.414, eu já arrumo a bolsa, deixo o que vou precisar a mão, e fico mais pra frente na cadeira, tipo: chamou minha senha eu saio em disparada.
Mas demora pra me chamar, quando cheguei no banco, tinham cinco atendendo, mas os atendentes vão saindo de fininho, aí ficam dois atendendo, mas ainda tem umas 300 pessoas esperando, aí começa a subir um ódio, você quer pegar um pau e sair quebrando tudo dentro do banco, você olha por outros e fica pensando se eles estão com o mesmo pensamento que você. Se todos fizessem isso iam ter que prender todos, talvez seria mais complicado, eu olho e vejo que na hora que chegou minha vez, mais um atendente saí, demora, ele volta com um copo de café, e com a cara cheia de razão, ele senta, olha pra geral sentado, faz uma cara de: “caralho quanta gente pra atender ainda.” E todos que estão ali olham pra ele com esperança, inclusive eu, que já esqueci o plano de quebrar o banco e naquele momento quero que o cara aperte o botão da senha e é a minha senha, eu que vou ser atendida, estou ansiosa por isso, afinal foram três horas de espera.
Já fico em pé e piiiiiii, senha 1.415 mesa 02, lá vou eu, felizona.
Sento, pego a carteira e explico tudinho que eu quero.
O cara escuta tudo e vai digitando no computador, pede meus documentos, cartão do banco e fica mudo. Eu fico ali sentada quase subindo em cima da mesa tentando ver a tela do pc. Falo algumas coisas, ele só diz “hum hu”
Fico com raiva, e me recolho na minha insignificância.
Depois de alguns minutos o atendente fala que tenho que ir no andar de baixo e fazer o pedido do cartão lá, ele ali não ta conseguindo.
Aí eu digo que fui indicada pra ir lá no primeiro andar, ele diz que não,
que devo ir pro andar de baixo, eu pego os documentos de volta, vou guardando triste na bolsa, o cara já chama a outra senha, outra pessoa ansiosa já chega ao meu lado, quase sentando no meu colo, eu levanto, triste e saio andando, o plano de quebrar o banco volta, eu desço as escadas já maquinando o plano, quando chego ao andar de baixo do de cara com o guarda filha da puta que me mandou pro lugar errado, olho com raiva pra ele, quero matar ele, quero pegar um pau e arrebentar seu cérebro, mas antes de colocar o plano em prática vejo que onde eu tenho que ir não tem ninguém, corro até a mesa, pergunto pra moça se ela resolve tal problema, “sim, me passa seu cartão e documentos que faço aqui”
Eu fico tão feliz, mas tão feliz que novamente o plano some da minha cabeça.
E eu saio do banco realizada.

3 comentários:

Marcio Panosso disse...

Como sempre... achei q ia acabar em sacanagem... mas rotina é rotina né

Samara Martins disse...

Quel, adorei o texto, traduziu muito bem o q eu sinto ao ir ao banco!!

bjoooo

Anônimo disse...

Quel, adorei o texto, traduziu muito bem o q eu sinto ao ir ao banco!!

bjoooo